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TV Cidade 

Programa Estúdio Aberto 15/08/2013

Entrevista dada ao Professor André Vicente Blog Xadrez de cada dia 28/04/2011

                                    WAGNER MARTINS MADEIRA FALA DE SUA CARREIRA

   No último feriado tivemos a oportunidade de visitar o Clube de Xadrez de São Paulo; templo maior do xadrez no Brasil, e entre os muitos jogadores que disputavam o Aberto do Brasil Bienal Prof. João Braga, o Prof. Wagner Martins Madeira. Enxadrista e  Mestre Nacional de Xadrez . Logo nos remetemos a memória dos anos 80 onde então na Apadix em Osasco, o Prof. Madeira já era alguém que com propriedade dava sua contribuição ao xadrez brasileiro. 
   Em uma breve conversa, Prof. Madeira nos cedeu gentilmente a  entrevista abaixo, respondendo posteriormente por email. Nesta entrevista ele ressalta um pouco de sua experiência como técnico e jogador bem como seus planos para o futuro.

 

 XCD : - Madeira, recentemente você tem voltado aos tabuleiros. Como tem sido esse retorno?

 

Madeira: -É algo muito recente. No momento não estou lecionando, estou trabalhando como pesquisador na área de literatura brasileira. Voltei a estudar xadrez e pretendo jogar torneios que valham rating FIDE.

XCD: - Quais os principais torneios disputados na sua carreira como jogador?

Madeira: -Foram muitos. Por equipes, Osasco ganhou quatro vezes o campeonato brasileiro interclubes, algo que nunca foi batido por nenhuma outra agremiação e eu estava presente em todas elas, como técnico e jogador. No âmbito individual, tive boas participações em Recife, no ano de 1991, onde conquistei a minha primeira norma de mestre internacional. A segunda norma foi no Internacional França Garcia, de Osasco, em 2004.  Nesse mesmo ano tive uma excelente participação na Copa Itaú, em São Paulo. Mais recentemente, alcancei boas performances no Campeonato Continental, em julho de 2009, no CXSP, e no Aberto de Sevilha, na Espanha, em janeiro de 2010.

XCD - E a busca pelo título FIDE, está nos seus planos para essa nova fase?

Madeira:- Sem dúvida alguma. Para tanto, pretendo disputar em junho o Zonal Sulamericano em Araruama, Rio de Janeiro, onde estarão em jogo títulos diretos de Mestre FIDE e  de Mestre Internacional.

XCD - Madeira, vocë ja representou o Brasil no exterior pelo xadrez. Como vocë descreve essa experiëncia?

Madeira: -É uma experiência marcante. Desde a primeira oportunidade, quando viajei para a Austrália, em  1988, onde acompanhei a equipe brasileira, da qual fazia parte Roberto Watanabe, no Mundial Juvenil. Para se ter uma ideia, naquela vez pude  ver jogar ao vivo, entre outros, Ivanchuck, Gelfand, Adams, etc. Quando voltei ao Brasil, tinha certeza que queria jogar xadrez não só como diletante, mas de forma profissional.

XCD - Qual a partida de xadrez que mais marcou sua carreira? 

Madeira:- Uma partida marcante foi contra o Herman Claudius Van Riemsdijk, no Aberto de Recife. Eu havia jogado algumas rodadas antes com o Milos e ficado inferior na abertura, uma escocesa, embora tenha me aguentado e até ganho no apuro de tempo. Foi algo surpreendente, pois o Milos já era à época um forte grande mestre. Sabia que o Herman iria tentar repetir a linha e me preparei, a partir de uma ideia que me surgiu meio que dormindo, aquele típico sono agitado, véspera de um grande encontro. Sílvio Cunha Pereira, forte enxadrista de Osasco e meu companheiro de quarto, me ajudou nas análises e a coisa toda deu muito certo. A posição se repetiu e pude ganhar uma partida que me manteve com chances de sonhar com a norma de mestre internacional, que acabei conquistando na décima rodada, uma antes do final do torneio, ao derrotar o então mestre internacional Giovanni Vescovi.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

XCD - Qual sua opiniáo sobre o xadrez jogado no Brasil ?

Madeira: -É tudo muito difícil, pois sabemos que não há apoio econômico. Nâo temos uma cultura forte de xadrez que faça que os empresários se mobilizem espontaneamente para apoiar a modalidade. No entanto, nos últimos anos, duas coisas conjugadas fizeram com que o xadrez brasileiro desse um salto, a despeito da falta de apoio: o xadrez escolar e a internet. Novas gerações de bons jogadores têm surgido, com farta informação à sua disposição, ao contrário do que acontecia quando comecei a jogar, em meados nos anos 70.

XCD - Após 23 anos atuando no xadrez e representando a cidade de Osasco, como vocë enxerga a realidade do xadrez osasquense?

Madeira: -Não tenho acompanhado de perto, mas o pouco que sei não é nada alentador. É uma pena, pois o xadrez de Osasco sempre foi muito respeitado em todo o país.

XCD - Você foi um dos incentivadores do xadrez osasquense e de enxadrístas como: Roberto Watanabe (campeão brasileiro), Eduardo Lee, Crociti e mais recentemente Renato Quintiliano . Como foi ver essa turma crescer no xadrez. Quais foram as experiëncias positivas e as negativas da formação desses atletas?

Madeira: -Osasco sempre revelou nomes de peso no cenário do xadrez brasileiro. É preciso lembrar, por exemplo, do mestre internacional Antonio Resende, meu companheiro de geração. Como técnicos da cidade, eu e ele revelamos nomes como a Mônica Kurihara e a Fernanda Hashizume. Esta última disputou inúmeras competições importantes, entre Panamericanos e Mundiais, após ganhar todas as categorias menores, do sub 16 ao sub 20.

XCD-Quais dicas vocë daria para os novos enxadristas que estáo surgindo?

Madeira: -Nada demais: estudem ... estudem... e joguem com paixão, sempre para ganhar, como é do espírito dos enxadristas de Osasco.

XCD - E o Professor Madeira como vë a educação no Brasil?

Madeira: -Tem melhorado, a partir de boas iniciativas, desde o governo Lula. Não obstante, é preciso um esforço de toda a sociedade, para que as novas gerações possam atingir o conhecimento que o país tanto precisa para se tornar uma potência mundial.

XCD - Na sua tese você apresenta Machado de Assis e sua relação com o xadrez. Fale-nos de sua hipótese inicial e sua linha de pesquisa.

Madeira: -No meu entendimento, Machado de Assis sempre foi um grande jogador, mesmo quando não estava diante de um tabuleiro. En passant, lembro que ele foi um aficcionado do jogo milenar, tendo participado do primeiro torneio no Brasil e ficado com a honrosa terceira colocação. Apesar de gago, epiléptico, mulato e pobre, se tornou o nosso maior escritor, pois soube jogar com as convenções sociais, driblá-las, para usar a linguagem do futebol. Minha hipótese é a de que o narrador de sua prosa, sobretudo no romance Esaú e Jacó, é um estrategista, que através do uso genial da ironia, soube ludibriar, encantando, gerações e gerações de leitores. É sempre um prazer reler a sua prosa lúdica.

XCD -Para finalizar, defina com uma palavra:

-Educação

Madeira: -Base da cidadania.

- Religião

Madeira:- Fico com o clichê de Marx: ópio do povo

-Xadrez

Madeira: -Um universo que espelha as diferentes personalidades humanas.

- Politica

Madeira: -Tabuleiro dos mais complexos e essenciais.

- Felicidade

Madeira: -Viver plenamente cada momento.

- Verdade

Madeira: -Consciência ética posta em prática.

 

XCD - Agradeço suas respostas à nossa enquete. Gostaría de deixar alguma palavra final aos nosso leitores?

Madeira: -Joguem com muito espírito de luta, buscando sempre a vitória.

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